banner
Centro de notícias
Experiência abrangente combinada com soluções avançadas.

Documentário sobre o curso 'Pesquisando e Monitorando Justiça Hídrica e Energética nas Favelas' agora com legendas em inglês [VÍDEO]

Jul 21, 2023

Clique aqui para Português

O curso de pesquisa “Monitoramento da Justiça Hídrica e Energética nas Favelas” foi inicialmente concebido no final de 2020 por coletivos de favelas envolvidos no Painel Unificado Covid-19 nas Favelas (PUF). As dezenas de grupos envolvidos perceberam que os dados que recolheram sobre a pandemia de Covid-19 e os novos e importantes conhecimentos e técnicas que criaram não deveriam ser desperdiçados. Um aprendizado fundamental foi entender por que é tão importante que as favelas assumam por si mesmas as rédeas da pesquisa. Pensando nisso, os coletivos e grupos envolvidos com o PUF, em conjunto com a Rede Favela Sustentável (SFN)* e diversos parceiros institucionais, propuseram e desenvolveram o curso em 2021 e o concretizaram posteriormente em 2022.

O curso aconteceu de março a setembro de 2022 com 30 jovens e 15 líderes comunitários de 15 favelas diferentes da Grande Rio. O objetivo era desmistificar a coleta e análise de dados, transferindo o controle sobre os dados captados nas favelas para os próprios moradores. Foram realizadas mais de 50 aulas, duas vezes por semana, ministradas online pelos parceiros técnicos e pela equipe gestora do SFN, e incluíram quatro aulas presenciais imersivas com duração de um dia inteiro. A estrutura do curso passou por todas as etapas de planejamento, entrega e defesa de um projeto de pesquisa, sendo os indicadores determinados coletivamente pelas organizações participantes. Conseqüentemente, o resultado final não foram apenas os relatórios publicados, mas principalmente todo o processo de desenvolvimento e ministração do curso, que foi transformador para os participantes. Todo o processo é mostrado no documentário “Conheça o Curso: ‘Pesquisando e Monitorando Justiça Hídrica e Energética nas Favelas’.

O curso consistiu nos seguintes módulos: (1) a importância da pesquisa nas favelas e nas favelas, (2) compreensão da justiça energética e hídrica em relação ao acesso, qualidade e eficiência, (3) definição de indicadores de acordo com as prioridades locais, (4) recolha de dados no terreno, (5) análise e compreensão dos dados e identificação das principais conclusões, (6) como fazer advocacia com os dados recolhidos, (7) como criar relatórios acessíveis e técnicos, e (8) como comunicar dados para defesa política e conscientização pública.

“A falta de dados sobre as favelas reflete a ausência de políticas públicas estruturais e a importância de produzir dados sobre a realidade da favela através da forma como ela é percebida pelos seus próprios moradores.” — Alan Brum, Instituto Raízes em Movimento, Complexo do Alemão

O primeiro módulo do curso debateu a importância dos dados gerados pelos cidadãos nas favelas; ou seja, a importância das favelas produzirem seus próprios dados. O módulo analisou como a ausência de dados sobre as favelas é parte integrante do processo histórico e seletivo de negligência do governo brasileiro em relação a essas comunidades. Tal como acontece com outros direitos que são precariamente cumpridos nas favelas, como saúde, educação, saneamento, segurança e mobilidade, a produção de dados sobre estes serviços e outros desafios é igualmente escassa. Esta falta de dados sobre as experiências vividas nas favelas funciona então como uma engrenagem num ciclo vicioso em que os problemas e a sua extensão não são quantificados e, como resultado, soluções adequadas não são implementadas. A geração de dados por e para as favelas é crucial para quebrar esse ciclo, produzindo dados baseados nas favelas para quantificar o que as comunidades entendem como seus desafios e propor soluções governamentais apropriadas com base nos resultados. Mais uma vez, a solução tradicional das favelas “por nós, para nós” preenche as lacunas deixadas pelo governo. Neste módulo entendemos como as favelas que geram seus próprios dados são um mecanismo de luta, desafio político e participação democrática.

Depois de discutir a importância da autonomia na geração de dados, o curso entrou em seu segundo módulo sobre justiça hídrica e energética, olhando esse tema pelas lentes do acesso, da qualidade e da eficiência. Como tal, pretendeu reforçar a noção de que a água e a electricidade são necessidades básicas e compreender que privar os cidadãos destes serviços constitui uma violação de direitos. Além disso, não basta ter acesso: qualidade e eficiência também são fundamentais. No módulo, Alexandre Pessoa, da Fundação Nacional de Saúde do Brasil, EPSJV/Fiocruz, descreveu como a água chega às nossas torneiras, os fatores e atores envolvidos na garantia do acesso à água, e também sobre os critérios de qualidade do serviço e as obrigações da concessionária de água. Amanda Ohara, do Instituto Brasileiro do Clima e Sociedade (iCS), levantou discussões sobre energia elétrica, abrangendo o sistema elétrico brasileiro, como a energia elétrica chega às casas das pessoas, órgãos de fiscalização, composição da conta de luz e Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE).